terça-feira, 19 de maio de 2009

Multicolorido

Poderia passar o resto dos meus dias contornando com os dedos todas as tuas tatuagens, (re)descobrindo sempre cada traço, numa tentativa vã de borrá-los, porque sua pele me causa agonia, e, louca, já estou perdendo os eixos sem poder tocar.
Não me deixe te morder, meus dentes vão querer te mastigar, no instinto voraz de tribo guerreira que os mais belos e corajosos se quer incorporar.
Venha, ou me deixe chegar; se não gostar, não tem problema, eu também sei devorar com um olhar. Mas se deixar ou se aproximar, ah, vou garantir sutil calor sem ser preciso um só movimento.
Devagarzinho, num abraço insólito, meus dedos treinados, danados, se guiam no escuro dos meus olhos fechados e alcançam a delicadeza imperceptível das tintas diversas em seus ombros. De olhos fechados, meu tato há de decifrar todas as cores.
Terei milhares de mãos, mas prometo não avançar, a não ser que você queira. Ah, se você deixar!.

6 comentários:

Jaya Magalhães disse...

Jesusapagaaluz!

[E traz o edredon, sim?].

Jaya Magalhães disse...

Jesusacendeavela, então.

Que tal?

Rs.

Beijomadá.

Coração de pedra disse...

"Ah, se você deixar..."

Vanessa Cristina disse...

"Não me deixe te morder, meus dentes vão querer te mastigar..."

Adorei :)

Jaya Magalhães disse...

Ontem, Madá. Ontem, foi o segundo dia mais intenso pra mim, desde que o ano começou. Eu me doía de um jeito que latejava, e fui salva numa madrugada de doçura. Encontrei pedaços de minha alma, aqui e ali. Fui serena. Mas não sabia ainda o que fazer com a porta.

Ontem, Madá, teu comentário [e só ele], fez lágrima em meu rosto. Derreteu a solidez do que morava dentro, e permitiu a leveza de um instante onde palavras verdadeiras souberam servir de alento. De uma forma assim, solta. E nem ouso explicar. Sei que você entende.

Tuas letras foram teus olhos, sabe? Pousaram nelas, e elas pousaram em mim, de um jeito onde tudo coube. Não bastou, porque nunca basta. Mas me soube sendo ouvida. Me soube dizendo, muda.

Vale abraço? Dá aqui um abraço, ó.

[E obrigada].

paulo calvet disse...

... como o mel. Uma solução supersaturada, tão cheia de coisas boas, tão consciente de si, que corre letamente seu curso. Que se demora na boca, que demora pra chegar a colher. O mel, à sua maneira, segue caudaloso o seu destino...

Foram essas as notas que ecoaram, ao comando de tua batuta literária, em mim, ao ler-te, hoje.
Enquanto lia era mel.