sexta-feira, 5 de junho de 2009

A felicidade é coisa de cão.

Ver aquele cão, vindo de não muito longe, com a maior felicidade presa entre os dentes, me tomou de uma alegria fascinante, e ri na praça logo ali como a menina boba que brinca com seu melhor amigo ainda filhote.
Vê-lo correr com aquela garrafa d'água vazia em minha direção pareceu ser a coisa mais fantástica de todo o mundo, naquele momento. Se eu fechar os olhos, posso lembrar dele em câmera lenta:
E vem vindo, correndo, com os pelos acinzentados, embaraçados e sujos balançando com o seu movimento frenético e empolgante até chegar a menos de um metro de minhas mãos prontas a afagá-lo.
Quando chegou perto, parou, largou o seu brinquedo, não veio até mim, porque não era para mim toda aquela alegria. Mas eu me inebriei com o prazer de ver seus olhos brilhantes mais puros que de qualquer ser humano.
Nem sei se parou por alguém, muito menos se veio por alguém, acredito que parou no meio da praça para rolar no chão, brincando com ninguém mais que ele mesmo. O que sei com exatidão é que vi, alegrei-me e continuei todo o caminho alegre por conta da felicidade boba que ele irradiava, sem precisar olhar de novo, sem querer olhar pra trás, como se mais a frente fosse ver milhares dele.
Não foi preciso afagá-lo para absorver qualquer sentimento bom, e eu teria feito com prazer, ignorando qualquer lama presa ao seu pelo, afinal, nada haveria de ser mais suave que o carinho que ele devotava ao seu objetivo ao correr daquele jeito.
Quis ser mais que seu alvo, quis sê-lo. Correr pelas ruas e praças, entre desconhecidos, pouco ou nada me importando com as adversidades e obstáculos do caminho, carregando comigo qualquer coisa sem razão, só para me divertir e brincar de viver vivendo.
Eu ri dele, por ele, e certamente riram de mim por conta disso, e pessoas riram de pessoas e a alegria se disseminou como cheiro bom de flor com a brisa leve.

2 comentários:

Jaya Magalhães disse...

Quando li o título, li: "A felicidade é coisa do cão".

Haha.

Sabe, o texto é bem isso. Me senti meio cão, ao ler-te. Pelo real.

Beijo, Madá.

Jaya Magalhães disse...

Saudade.