quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Sufocamento

Ali, tão perto. Controlei a respiração, absorvendo pequenas moléculas de oxigênio aos poucos, como se estivesse me faltando ar, apenas para não inspirar sequer uma molécula do seu cheiro que vinha do outro lado da rua. Se eu suspiro por um momento, num vacilo, correria o risco de, mais uma vez, ficar impregnada de você e não o quero mais entranhado em mim, nem mesmo naqueles sonhos calientes em que, alheia a minha razão, meu corpo pode controlar a minha alma.

Sempre sei quando está por perto, embora nunca o veja, como daquelas cousas que os olhos não veem, e o coração pressente, ou daqueloutras em que um sentido é compensado pelo outro. Talvez por isso o coração já não pulse como antes, nem volte aos tempos das pulsações inquietantes, por tantos encargos que os cinco sentidos comuns tenham lhe confiado, ao me desenganar.

Saída do engano, guardo a mera idéia das sensações que revivi, ao abrir o frasco de perfume na minha mente. Agora, nem quando quero, posso sentir. E a recíproca, absolutamente verdadeira, por falta de um triz, não fecha as minhas pálpebras num desmaio por sufocamento.

Deixe que as suspeitas recaiam sobre o peito por conta dos pulmões. Guardo comigo, nas vias vermelhas, toda essa falta de a - r.

Um comentário:

Jaya Magalhães disse...

Suspiros, Madá.

E tudo o que me vem em sentidos, não cabe em escritas.

Vias vermelhas...

'Só enquanto eu respirar.'

Um beijo.

[É bom te ter, de novo].