sexta-feira, 24 de abril de 2009

Troca de fechadura

05 de fevereiro de 2003

Minha delícia,

Ainda quero te ter outra vez em meus braços, Judite.
Se eu pudesse não teria deixado você partir naquele dia. Nu, agarrado ao nosso lençol branco, escondendo meu pecado, eu não poderia cometer o deslize de deixar a outra só, enquanto eu corria atrás de você.
Erro por sobre erro, cometo um de cada vez, mas Deus sabe o quanto não queria ter errado com você. Eu sei todos os dias do meu maior deslize e sofro ao querer gritar teu nome para que volte ou gozando do sexo ardente com a moça da boate de ontem à noite.
Eu nem sei pedir perdão...
Ah, Judite, como eu quero te ter outra vez em meus braços e te consumir por inteira. Seria feliz ao me enrolar nos teus cabelos negros de fios grossos e sedosos, deslizar por teu pescoço delicado e fino, alcançar teus ombros e mergulhar em teu colo bem feito de seios enrigecidos e pequenos. Percorro teu corpo esguio de olhos fechados com as mãos no ar, reagindo às lembranças que você me deixou, ao desejo latente de te sequestrar e ao amor sufocante que só senti por você.
Volta Judite, eu mudo os lençóis, mudo as toalhas, mudo os móveis, mudo até de apartamento, troco até de celular, me rebatizo com o nome que você quiser me dar, mas volta Judite! Volta Judite, ou vou procurar outra mulher de mesmo nome para colocar em seu lugar!
Não sabe que enlouqueço sem você? Que pareço um menino em corpo de homem à procura de prazer vazio nas noitadas por ai? Até hoje eu não aprendi a viver sem você. Deito com qualquer outra pensando em você, procurando por você, desejando e clamando por você.
Droga, Judite, quanto tempo já tem que você me pegou com a vizinha de andar na cama? 5, 6 anos? Já não lhe dei tempo suficiente para aceitar a decepção?
Poxa vida, você sabia que eu era fraco para mulheres bonitas. Vá lá que a vizinha não estava no ponto, mas nem mesmo você, que conhecia das minhas fraquezas, tinha idéia da falta que teu corpo perfeito me fazia naqueles dias em que você viajava.
Inferno, Judite, por que fazer surpresa se sabia que eu não gostava, se sabia que corria riscos? Tinha que chegar sem avisar?
Eu não devia ter lhe entregado as chaves do meu apartamento.

Orlando Praga



p.s. Eu não devia ter lhe entregado o meu coração!

2 comentários:

Coração de pedra disse...

Ok, ok.
Mas foi exatamente o que eu entendi.

...

Sobrenome adequado o do sujeito, não?

Coração de pedra disse...

Aaaahhh...

Mas tem quem goste!
;D