sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Papo temporal

Fitei o relógio naquela parede, por horas.
Estava conversando com o tempo para fazê-lo esquecer de trabalhar. Queria distrai-lo e, no fim das contas, convencê-lo a parar de uma vez.
Falamos de várias coisas, dos quadrantes solares, da rotação dos planetas, dos céus, dos nascimentos por ai.
O ponteiro das horas me causava alguma tranquilidade e esperança de que eu o convenceria, o ponteiro dos minutos era um pouco mais duro na queda e insistia em me desafiar, mas o ponteiro dos segundos adorava ver meu desespero ao caminhar intransigente.
Frente a frente, o que era uma conversa informal tornou-se um duelo.
Intransigente ao extremo, nada do que eu dissesse o faria parar. E eu, sem mais, passei a implorar, sem vergonha.
Chorei, sentei no chão, olhei para baixo e o escutei. Seu som que deveria ser inquietante, me acalmou. Eu dediquei alguns daqueles tons ritmados para pensar.
Pensei alto, bem alto, mas não foram os meus pensamentos que chamaram atenção. Meu coração, em compasso sonoro diferente, emitia um som infinitamente mais poderoso.
Por fim, vários estalos. Corri pela casa e todos os relógios foram quebrados!

5 comentários:

Bruno Azevedo disse...

de tudo que ja falei em meu blog, foi justamente sobre o tempo o que eu mais falei...
Algumas vezes queria que cada minuto durasse uma eternidade, que cada segundo nunca passasse... outras vezes o que eu mais precisava era q o tempo passsasse o mais veloz psssivel e levassse com ele tudo.
Percebi entao que o tempo é só o tempo... não muda, é impassivel e autoritário... resta somente a nós vivê-lo

Bruno Azevedo disse...

ah...
pra nao esquecer...
beijos, meu amor!!!!!!!!!!!

Bia disse...

gostei muito desse!
:)

Anônimo disse...

"E os segundos corriam quase que te levando embora, e eu vivia-os como se durassem minutos, horas, dias...sempre! Sempre? Pra mim sempre, e é tudo que agora se faz eterno!"
Outro dia fiz esse breve desabafo em meu blog, e lendo esse post aqui, me remeti a lembranças boas de momentos inesquecíveis. E mais uma vez me dei conta q realmente, o tempo nao para...(Ja dizia Cazuza em sua bela canção.)
O beijo,
Shauan Prado!

Nina disse...

"Eu que não fumo queria um cigarro, eu que não amo você", Tempo.

Mas você [tempo] sempre me persegue de uma maneira sutil e tão provocante que me entrego ao teus (des)encantos.

Ps: eu gostei muito, muito do texto. Ando dizendo por aí que os textos que mais gostamos sempre é aquele em que nos vemos nitidamente dentro dele. E não é que eu adorei esse texto, logo...

Parabéns.