Quando sua mãe gritou avisando da chegada de uma correspondência, ele quis sair correndo do banheiro para ver do que se tratava. Aquela notícia trouxe um sentimento bom repentino como se tivesse tido a certeza de que alguém lembrara dele por algo bem importante.
Felizmente, não se alterou pela curiosidade e permaneceu no banheiro continuando a dar atenção às suas necessidades fisiológicas. Na verdade, fica difícil compreender por que razão ele não abriu a porta correndo e segurando as calças, se foi porque estava impedido pela natureza ou se não deixou que qualquer esperança tomasse conta de si.
Terminou, então, o que tinha de fazer, mas chegou a elaborar instintivamente uma lista de possíveis remetentes, bem como o assunto que aquela correspondência conteria. Refletiu também sobre o termo "correspondência" utilizado pela mãe, se fosse uma carta ela teria gritado "filho, chegou uma CARTA pra você" e não "filho, chegou uma CORRESPONDÊNCIA...". Ignorou esse pensamento, querendo mesmo que fosse uma carta contendo as notícias do estado de quem gostava, as lamentações da saudade recíproca e os votos - ainda que atrasados - de parabéns.
Contudo, não era uma carta.
Tinha sido sim lembrado por alguém, mas não por nenhuma daquelas pessoas pelas quais seu coração clamava a todo tempo, até mesmo no banheiro.
Havia até planejado pegar a carta, abrir o envelope com cuidado e ler as palavras impressas acompanhadas de uma música que fizesse lembrar o remetente, mas leu aquela correspondência, sem vontade alguma, de frente pra televisão, fingindo prestar atenção no papel, ao mesmo tempo que se esforçava por não demonstrar tristeza pelo engano, porque sua mãe estava por perto.
Era um papel publicitário da ótica que era cliente, "antes fosse cobrança", pensou. Uma empresa, ente apenas ficticiamente personalizado, havia lembrado dele. Devia estar gravado no sistema, mas aqueles da lista talvez não tivessem um sistema assim tão eficaz, mesmo que apenas esses soubessem o real motivo pelo qual era merecedor de parabéns e, embora ele jamais se esquecesse dos listados.
Era somente uma lista - mentira! Assim, conformou-se e retornou às atividades corriqueiras. No decorrer das obrigações até que sentiu falta de alguma companhia com quem pudesse confessar e desabafar o que vinha sentindo há muitos dias, mas não conseguiu fazer lista nenhuma dessa vez.
Dessa vez, queria se ocupar demais apenas consigo mesmo.
Felizmente, não se alterou pela curiosidade e permaneceu no banheiro continuando a dar atenção às suas necessidades fisiológicas. Na verdade, fica difícil compreender por que razão ele não abriu a porta correndo e segurando as calças, se foi porque estava impedido pela natureza ou se não deixou que qualquer esperança tomasse conta de si.
Terminou, então, o que tinha de fazer, mas chegou a elaborar instintivamente uma lista de possíveis remetentes, bem como o assunto que aquela correspondência conteria. Refletiu também sobre o termo "correspondência" utilizado pela mãe, se fosse uma carta ela teria gritado "filho, chegou uma CARTA pra você" e não "filho, chegou uma CORRESPONDÊNCIA...". Ignorou esse pensamento, querendo mesmo que fosse uma carta contendo as notícias do estado de quem gostava, as lamentações da saudade recíproca e os votos - ainda que atrasados - de parabéns.
Contudo, não era uma carta.
Tinha sido sim lembrado por alguém, mas não por nenhuma daquelas pessoas pelas quais seu coração clamava a todo tempo, até mesmo no banheiro.
Havia até planejado pegar a carta, abrir o envelope com cuidado e ler as palavras impressas acompanhadas de uma música que fizesse lembrar o remetente, mas leu aquela correspondência, sem vontade alguma, de frente pra televisão, fingindo prestar atenção no papel, ao mesmo tempo que se esforçava por não demonstrar tristeza pelo engano, porque sua mãe estava por perto.
Era um papel publicitário da ótica que era cliente, "antes fosse cobrança", pensou. Uma empresa, ente apenas ficticiamente personalizado, havia lembrado dele. Devia estar gravado no sistema, mas aqueles da lista talvez não tivessem um sistema assim tão eficaz, mesmo que apenas esses soubessem o real motivo pelo qual era merecedor de parabéns e, embora ele jamais se esquecesse dos listados.
Era somente uma lista - mentira! Assim, conformou-se e retornou às atividades corriqueiras. No decorrer das obrigações até que sentiu falta de alguma companhia com quem pudesse confessar e desabafar o que vinha sentindo há muitos dias, mas não conseguiu fazer lista nenhuma dessa vez.
Dessa vez, queria se ocupar demais apenas consigo mesmo.
3 comentários:
Ninguém escreve ao coronel.
... que triste, até eu estava esperando a carta.
abraços, meus
^^
Venha me ver.
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