E sentada naquele banco sozinha, vestida glamurosamente, sem migalhas de pão, sem bengala nem sombrinha, com um livro do lado, segurando um lenço encharcado, de longe, parecia a velhinha que vi noutro dia.
Só parecia.
Levantou-se, e como era bela! Tinha um frescor nos lábios - mesmo que mordiscados -, um nariz autoritário, um pescoço bem talhado, mas uma alma triste. Mexeu no penteado bem armado, remexeu nos olhos molhados, agarrou o livro e andou alguns passos.
Um envelope caiu do livro e, como se tivesse sentido menos peso em suas mãos, olhou pra trás e fitou profundamente aquele papel; como se não quisesse que percebessem seu deslize, disfarçou e agachou segurando o coração.
Respirou lentamente e alcançou o envelope. Abriu, puxou um papel delicadamente dobrado e perfumado, leu um vocativo, sorriu sutilmente e no verso escreveu:
- Querido transeunte que encontrou tal carta, se alcanças o verso, deduzo que leste em completude. Saibas que tens em mãos o que um dia foi o melhor de mim.
Hoje, eu decidi, com simplicidade, não mais ser assim. Talvez não sendo mais, eu possa denominar-me feliz.
Leve consigo, tão querido desconhecido, aquilo que eu destinei a quem jamais quis.
Não agradeço sua leitura, já que é só o acaso que julgo, esperançosamente, bem aproveitado, mas dedico-lhe o mesmo amor, por fim.
[...]
Eu vi a velha, a moça, o livro, a carta e até quem leu tudo.
Só parecia.
Levantou-se, e como era bela! Tinha um frescor nos lábios - mesmo que mordiscados -, um nariz autoritário, um pescoço bem talhado, mas uma alma triste. Mexeu no penteado bem armado, remexeu nos olhos molhados, agarrou o livro e andou alguns passos.
Um envelope caiu do livro e, como se tivesse sentido menos peso em suas mãos, olhou pra trás e fitou profundamente aquele papel; como se não quisesse que percebessem seu deslize, disfarçou e agachou segurando o coração.
Respirou lentamente e alcançou o envelope. Abriu, puxou um papel delicadamente dobrado e perfumado, leu um vocativo, sorriu sutilmente e no verso escreveu:
- Querido transeunte que encontrou tal carta, se alcanças o verso, deduzo que leste em completude. Saibas que tens em mãos o que um dia foi o melhor de mim.
Hoje, eu decidi, com simplicidade, não mais ser assim. Talvez não sendo mais, eu possa denominar-me feliz.
Leve consigo, tão querido desconhecido, aquilo que eu destinei a quem jamais quis.
Não agradeço sua leitura, já que é só o acaso que julgo, esperançosamente, bem aproveitado, mas dedico-lhe o mesmo amor, por fim.
[...]
Eu vi a velha, a moça, o livro, a carta e até quem leu tudo.
14 de junho de 2008,
Uma homenagem a Diego Coelho.
Uma homenagem a Diego Coelho.
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