domingo, 24 de agosto de 2008

Organismo enganado

Encostada na parede daquele ambiente sonoro, multicolorido e impessoal, Marta busca as idéias que fogem diante da sua mais próxima companhia.
Nada se justifica na altura, no sorriso largo, nos olhos expressivos, na sinceridade, mas tudo se encontra no nível elevado sem razão, na alegria desmedida, na emoção instantânea, na canalhice e, sobretudo, nos suspiros e abraços repletos de intenção.
As brincadeiras provocam pensamentos em Marta que, se importando com todas as variáveis, faz cálculos de cabeça baixa. Procura a resolução da questão sem incógnitas que lhe desafiaram a resolver. Ela já sabe o que quer.
Quieta naquela parede, não ouve, não vê, não sente, concentra-se. Destaca-se da multidão que se embala ao som indefinido. Esforça-se para pensar, ao remexer um pedregulho no chão. Distrai-se. Abraçam-na.
Abraçam-na! Cheiram seu perfume doce, tocam-lhe as costas, beijam-lhe o ombro. Respiração ofegante, abraço impuro. Abraçam-na! Retiram-na do caminho dos pensamentos. Todos os atos estimulam os instintos. Ela se desprende daquele imenso e quente conforto rumo à sensação de fundir-se.
Quase totalmente maleável, deslizando por tecido epitelial diverso, sentindo célula por célula, rastejando calmamente até lábios de sorriso largo, uma mais forte oxigenação no sangue causada por uma única batida acelerada comprime a mente.
Engana-se. O corpo pede, pende, perde.

Um comentário:

Yves Berbert disse...

Me enxergo em seus textos, parecem que foram feitos pensando no que sinto mais profundamente...

E agora que eu to mt feliz, vou dançar mais, mais, mais, mais e maaaaaaais! *_*

Beijoooos!