domingo, 7 de setembro de 2008

Anotações

Ela até que tentou tomar aquele coquetel de remédios, mas cuspiu os comprimidos, querendo muito ficar lúcida e sentir cada sensação do dia.
Nem foi ao abismo como de costume, talvez aquela quantidade de remédio usada na semana tivesse efeito para mais de um mês.
Esqueceu de alguns controles e apenas se deixou levar pelas vontades do dia. Quer dizer, no fim do dia, estava querendo coisas demais, mas não estava impaciente o bastante para 'arrancar a blusa'.
Durante o sol a vista, tentou registrar as vibrações que sentia, mas se conteve em fazer anotações referentes ao que expressar:



Lembrar de:

a) Como abrir os braços e deixar o peito à mostra para que maior amor escorra por todo o corpo misturando-se ao chão imundo! - Era só uma escolha. Era mais uma escolha*;

b) Como sentir pavor da mediocridade ao seu redor e desesperar-se por não salvar os mais amados desse horrível fim! - Era uma vontade de isolamento;

c) Como as reclamações dos pais são sem sentido! - Era uma vontade de ser mãe;

d) Como a simplicidade alivia a alma! - Era uma vontade de se sentir leve
*;

e) Como a saudade corrói! - Era uma vontade de fugir***;

f) Como queria se aproximar da realidade! - Era uma vontade de experimentar;

g) Como queria dinheiro! - Era uma vontade de independência;

h) Como seu corpo estava reagindo! - Era uma vontade de se entregar (ou de tomar para si)*.

Escrever depois.



Ela só queria anotar. Sabia que tudo aquilo a incomodaria depois e ainda não era o tempo certo para desabafar.

Um comentário:

Bruno Azevedo disse...

Às vezes somente abrir os braços e deixar o amor escorrer nao vale por si só. È preciso muito mais abrir a alma e deixar o amor entrar. O difcil é fazer isso quando os tempos estao cada vez mais duros, e as almas mais fechadas.

Mas vale a pena tentar... vale a pena.

beijo, é sempre bom passar aqui!!